Tal como eu, milhares de portugueses ficaram abismados quando confrontados com as recentes declarações de Passos Coelho a propósito do desemprego: “Isto não pode ser um sinal negativo. Desperdir-se ou ser despedido não tem de ser um estigma. Tem de representar também uma oportunidade para mudar de vida”, afirmou o Primeiro-Ministro no lançamento do Programa Estratégico +E +I (Mais Empreendedorismo, Mais Inovação). Num país com cerca de um milhão e 200 mil desempregos, cujos números continuam a subir diariamente e formam filas imensas nos Centros de Emprego, como é que se pode ter o desplante de tecer tais comentários, vendo o desemprego como uma oportunidade. Oportunidade para quê?! Eu interrogo-me como é que as condições atuais do mercado de trabalho podem ajudar os cidadãos a mudarem de vida se continuam cada vez mais empresas a fechar…quem dera a muitos ter essa tão desejada oportunidade para saírem do abismo onde se encontra. E, depois ainda acrescenta que “muitos dos licenciados preferem ser trabalhadores por conta de outrem do que serem empreendedores”. Eu pergunto quais as ajudas ao nível do investimento que o Governo criou para ajudar os jovens a abrirem os seus próprios negócios?
Depois de ter dito aos portugueses para deixarem de ser “piegas”, Passos Coelho vem com mais esta barbaridade, esquecendo-se dos dramas diários de imensas famílias, muitas delas obrigadas a recorrer à ajuda dos bancos alimentares para conseguirem ter uma refeição condigna na mesa.
Mas eu até tinha uma solução para este caso: colocar o Sr. Primeiro-Ministro e respetiva família a viverem durante um mês com o subsídio de desemprego, na sua maioria, muito abaixo do salário mínimo nacional, e com todas as normais despesas de um lar para pagar. Aí sim ficará a par da realidade, porque, nesta altura, e a julgar pelos seus recentes discursos, anda totalmente desencontrado com o que se passa no país real.
Susana Cardoso
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