Há duas palavras que já não suporto ouvir: troika e
austeridade. Infelizmente, vamos continuar a ser bombardeados com estes e
outros desígnios de uma crise monstruosa! Portugal caiu mesmo no abismo e,
muito dificilmente, se voltará a reerguer das cinzas, como aconteceu com a
Fénix, se continuarmos a ser governados por esta autêntica ditadura. Já nem
falo em cores partidárias, porque, sinceramente, nesta altura, o que é preciso
é a união do povo a uma só voz para deitar abaixo estes governantes. Só assim é
que eles vão cair porque de outra forma não têm a dignidade de deixar o barco
que colocaram à deriva no meio do oceano desde que tomaram posse.
O meu voto não foi para eles mas tal como muitos portugueses
enfrentamos as consequências daquilo que não ajudamos a criar e estamos a pagar
uma crise para a qual não contribuímos. E, as principais vítimas no meio de
tudo isto são os trabalhadores. De acordo com dados revelados, esta semana,
pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mais de 155 mil trabalhadores
recebem menos de 310 euros por mês, num crescimento de quatro por centro entre
Setembro de 2011 e 2012. E, mais de um terços do proletariado leva para casa
menos de 600 euros. Resultado disto: no último ano e meio Portugal perder mais
de 200 mil cidadãos que foram obrigados a emigrar em busca de melhores
condições de vida e trabalho.
No mesmo estudo, vários especialistas afirmam que no final
do primeiro semestre deste ano teremos os salários mais baixos da União
Europeia. Como querem que o país evolua se não há poder de compra? Agora que
acabou a classe média já só existem os pobres e ricos, e, os nossos políticos,
esquecem-se que era o sector intermediário um dos principais suportes da
economia do país. Tudo a troika levou e ainda vai levar mais porque o aperto do
cinto não se vai ficar por aqui e mais medidas de opressão vão continuar a ser
tomadas asfixiando cada vez mais o comum cidadão.
Como é possível falar-se na possibilidade de se pagar 49
euros por uma ida às urgências nos hospitais públicos? Porque é que descontamos
então para a Segurança Social? Para sermos obrigados a pagar esta monstruosidade?
Devem querer que morra a maior parte da população, sobretudo a idosa, porque,
agora, quem não tiver dinheiro não pode estar doente. São estas e outras
questões que povoam a minha cabeça, e a de muitos cidadãos atentos ao que se
passa neste país que está a ser destruído aos poucos. Infelizmente ainda não
encontrei as respostas…
Susana Cardoso